sexta-feira, 2 de julho de 2010

PATRIOTA DA PÁTRIA DE CHUTEIRAS

Ser patriota. O quê faz de alguém um patriota? O que significa ser patriota? De acordo com os dicionários, patriota é a pessoa que ama a pátria. Ainda de acordo com os dicionários, pátria é a terra de nascimento ou adotiva de uma pessoa. Onde quero chegar com esses questionamentos? Quero discutir nesse dia, 02.07.2010, a visão, errônea na minha modesta opinião, de Dunga do que é ser patriota.

Para o nosso controverso ex-técnico da seleção brasileira temos que torcer pela seleção brasileira, pois quem não torce para ela não é patriota. Ou seja, não ama a sua pátria. Quero logo deixar claro que eu não torci pela seleção brasileira nessa Copa, como não torci por essa mesma seleção nas Copas de 2006, 2002, 1998, 1994 e 1990. Isso então significa que eu não amo o país onde nasci? Pelo contrário, justamente por não ter torcido é que eu me considero mais amante de meu país que o Dunga ou qualquer outro que vista a “amarelinha”(1) jamais o será.

Amar o país onde se nasce, ou o que se adota, vai muito mais além do que torcer por sua seleção de futebol. Como dizem os outros, “o buraco é muito mais embaixo”. Cada país, ou região, ou cidade, ou vila, ou ilha, ou qualquer porção geográfica que se queira amar depende de sua conexão com essa cultura, as pessoas, os costumes, o clima, a natureza, os valores, a religião, a música, as manifestações populares relacionadas à cultura dessa região, e sim, por que não, as manifestações esportivas dessa região, incluindo aí a seleção de futebol de um país.

Então estou me contradizendo? Acho que não, se não vejam.

O que estou aqui a defender é que a seleção do Dunga, como foi a do Lazaroni, do Parreira, do Zagalo e todos aqueles pós 1982/1986 NÃO representaram a nossa cultura, os nossos valores, as nossas ansiedades, o jeito de ser do brasileiro. Extrovertido, brincalhão, irresponsável e até mesmo malandro, qualidades(2) que fazem quem somos.

Não somos robôs duros e obedientes como os europeus, por exemplo. Precisamos do improviso como um guitarrista que no meio de um show tem uma corda rompida e que continua tocando, e que faz dessa adversidade uma obra prima. Ou a mulata que durante uma apresentação tem um dos saltos de seu sapato quebrado e ela continua com um sapato e meio e dança melhor que qualquer bailarina do Ballet Bolshoi.

O resultado final pouco importa. Mas o meio importa. Quero o jogo(3) bonito, irresponsável, pra frente, ofensivo, o malabarismo. Se perdermos, e daí? Quero ganhar de 5 x 3, ou perder de 5 x 7. Quero sair, após um jogo, com um sorriso de felicidade igual ao daquele garoto que “não tem onde cair morto”, mas ganha de presente uma bola de futebol de aniversário. Quero aquele mesmo sorriso que ele estampa em seu rosto ao sair driblando jogadores(4) imaginários e se imaginando fazendo um gol na Copa do Mundo, e não a cara de raiva de muitos dos nossos jogadores ao desarmar um adversário deixando a perna como se uma espada a fosse...

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1 Expressão “carinhosa” bastante utilizada por Zagalo para referir-se à seleção brasileira
2 Ou será que são defeitos?
3 Eu disse jogo! Não disse guerra!
4 Eu disse jogadores! Não chamei-os de inimigos!

Um comentário:

  1. Realmente ser patriota vai muito além de se torcer para a seleção.
    E que patriotismo é esse que só é expresso de 4 em 4 anos na Copa, ou nos amistosos, nas eliminatórias, na Copa América, etc?

    Ser patriota também abrange ser um bom cidadão, cuidar da cidade e da rua onde você mora, respeitar as leis, VOTAR COM CONSCIÊNCIA...

    Enfim, um monte de coisas que vão além do simples torcer por 11 caras de blusas amarelas correndo atrás de uma bola! hehe

    Abraços!

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