sexta-feira, 9 de julho de 2010

BLITZKRIEG DAS RUAS

Olha, esse assunto é um dos poucos que me tiram do sério. Por isso essa será a única vez que falarei dele. O trânsito de Salvador. Terra sem lei, habitada por facínoras sem alma onde cada metro de asfalto, ou terra, ou paralelepípedo, ou buraco é disputada como se fosse a última barata comestível após uma guerra nuclear.

Educação? Como pedir educação em uma terra onde a escola é vista como uma obrigação (des)necessária cujo objetivo é apenas de permitir aos pais um local onde deixar os seus filhos para que os mesmos possam trabalhar, divertirem-se ou fazer sei lá o quê eles fazem. Educar seus filhos que não é.

Cada motorista ou pedestre dessa cidade concebe a idéia de que o chão à sua frente pertence a ele, e apenas a ele. Ninguém pode ter a audácia de pretender adentrar em seu território, sob o risco de retaliação. Em função dessa crença de posse de território, cada um acredita que nesse espaço “seu” ele pode fazer qualquer coisa. Ele é o REI de “sua” terra.

Sendo Rei desse pedaço de chão à sua frente ele pode parar em fila dupla, fila tripla, fechar cruzamento, não utilizar o pisca alerta, andar com os faróis apagados, não ter as luzes de freio operacionais, descarregar a qualquer hora do dia ou em qualquer lugar e por aí vai.

Cada centímetro de chão desabitado, ou seja, ainda não ocupado por outro facínora, é visto como a Rússia foi vista por Adolf Hitler. Blitzkrieg(1) neles. Ocuparei esse pedaço de chão o mais rápido possível com a maior violência possível antes que outro faça o mesmo. Aí vemos as ultrapassagens pela direita ou pelo acostamento ou ainda entre as faixas de rolamento, as roubadinhas ou, como gosto de dizer, assaltos à mão armada, etc.

Onde vamos parar. Acho que na mesma terra de Mad Max(2). E aí, a civilização, ou o que restou dela será para os mais fortes, ou os mais loucos. Dessa civilização, desculpem-me, mas eu não quero viver pra ver.

1 Foi uma doutrina militar a nível operacional que consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa
2 Filme estrelado por mel Gibson sobre um mundo pós apocalipse

3 comentários:

  1. hehe
    Bom texto!

    Lendo ele, eu lembrei de uma conversa que tive com um taxista certa vez onde ele me dizia que depois de ter se aposentado pela prefeitura, ele resolveu comprar um taxi porque ele adorava dirigir.
    Era um prazer para ele sair com o carro, contemplando a paisagem e tal.

    Mas após anos se passarem, e o trânsito de Salvador ter se transformado no que é hoje, ele não ver a hora de vender a licença dele e ficar em casa o dia todo! hehe

    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Sabe de uma coisa? Depois que me mudei para os EUA e voltei a Salvador pela primeira vez, quase que morro do coração. Percebi o trânsito como uma verdadeira guerra. Pessoas extremamente mal educadas, que não respeitam regras e nem ao próximo.
    A lei da vantagem é assustadora, e ninguém percebe que todos perdem com essa selvageria!
    Amo dirigir aqui no Texas..onde as pessoas respeitam as regras, o Stop Sign é respeitado e em cruzamentos, a regra de quem chegou primeiro vai primeiro é seguida tranquilamente.
    Acho que qdo voltar para o Brasil, vou ter um ataque!!!

    Bjo

    ResponderExcluir
  3. fala michael! Tã dificil mesmo. Postando do n97, por isso sem escrever muito. E viva aos gordinhos! Abraços! Miranda.

    ResponderExcluir